1) Minicraque: é aquele que tem maturidade suficiente para aprender o ofício, o ambiente de trabalho e a cultura da empresa. Este costuma obter oportunidades de crescimento mais rapidamente.
2) Web 0.0: pensa que pode utilizar a internet da empresa como se estivesse na sua própria casa. Muitos Web 0.0 carregam este vício por décadas e não compreendem que o ambiente de trabalho foi criado para que as pessoas trabalhem. Tornam-se quarentões que não sabem o significado da palavra "limite".
3) The Flash: crê que três meses de trabalho é tempo suficiente para conseguir uma promoção.
4) Armando Mário: bastante motivado e dedicado. Por outro lado...
Armando Mário chegou àquela microempresa cheio de vontade de aprender e fazer. Na época, para conseguir ser contratado, durante um dia inteiro teve que fazer testes psicológicos, de inglês e de raciocínio lógico. Foi aprovado em todos eles.
No seu primeiro dia de trabalho, sua chefe Cândida o chamou para uma conversa e explicou:
- Olha, o seu salário será de R$ 300,00. Veja este valor como uma ajuda de custo. Afinal, você está aqui para aprender. Outra coisa: dissemos que iríamos lhe dar um vale-refeição diário no valor de R$ 10,00. Mas mudamos de ideia. Afinal, como você mora aqui perto, pode almoçar na sua casa.
Nada disso abalou a motivação de Armando Mário. Sonhador, ele queria aprender muito e se tornar um profissional proativo e multitarefas. Todos os dias, seu outro chefe Barros - sócio-marido de Cândida - tinha o costume de reunir a equipe inteira, composta por cinco integrantes, para um cafezinho amigo na copa.
Seu colega José não gostava de tomar uma xícara inteira de café, então tinha o costume de pedir um gole para Armando Mário. Ao pegar a xícara, José soprava o café, temperando-o com uma garoa de saliva e germes. Após receber a xícara de volta, Armando Mário sorria e continuava tomando o seu café, procurando não demonstrar o nojo que estava sentindo. Afinal, ele, sendo estagiário, não queria bater de frente com o funcionário mais experiente da equipe.
O café era preparado em uma bela cafeteira italiana. Armando Mário, procurando demonstrar sua eficiência, logo aprendeu a manejá-la e se tornou o preparador de café oficial. Seus chefes Barros e Cândida estavam depositando tanta confiança nele que esqueceram que ele era um estagiário.
Certo dia, Cândida estava reunida com um cliente e Armando Mário foi preparar um cafezinho. Voltou para sua mesa e pensou: "quando o cheiro do café adentrar esta sala, voltarei à copa para desligar o fogão." Quando o cheiro adentrou, algo estranho no ar: era um cheiro de queimado, acompanhado de uma enorme fumaça. O cliente ficou desesperado, imaginando que a empresa estava sofrendo um incêndio. Armando Mário correu para a copa, desligou o fogão e abriu a cafeteira italiana para verificar o ocorrido. Percebeu então uma pequena falha: ele havia colocado o pó do café e o açúcar na cafeteira, mas havia esquecido de colocar água.
Armando Mário conseguiu repetir esta proeza do café por mais três vezes, o que fez com que recebesse a inevitável alcunha de "Armando Mário, o Incendiário." E esta alcunha ficava ainda mais forte quando ele dava outras bolas fora do tipo:
- Quando seu chefe, o visionário Barros, telefonava de algum outro local pedindo para ele ajeitar o papel que estava travado na impressora, ele sempre se atrapalhava e ouvia meia dúzia de palavrões.
- Uma vez seu chefe pediu para ele conectar os cabos em um computador. Após conectar os cabos e pressionar o botão "On", o computador não ligou. Armando Mário jurou que não tinha nada com isso, mas como já tinha a fama de incendiário estabelecida, levou a culpa de o ter quebrado.
- Outra vez, estava caminhando pela sala e esbarrou com o braço em um dos monitores. O monitor balançou, balançou, mas não caiu. Barros gritou lá do fundo, causando risos na equipe:
- Eita! Tinha que ser o incendiário!
Mesmo com todos esses feitos, Armando Mário não foi demitido. Afinal, como havia dito sua chefe Cândida, ele estava ali para aprender. Inclusive, sua ilustre presença fez com que a empresa aprimorasse muito a infraestrutura. Com medo de incêndios, os sócios-esposos compraram extintores. E, com medo de cagadas, os sócios-esposos implantaram a política de backup.