Com este cenário caótico, as áreas de RH e Marketing da empresa se uniram para bolar uma campanha que deixasse os funcionários, que sobreviveram em seus cargos, mais seguros e com a autoestima mais elevada, no esquema "We are the champions, my friend." Seguindo este preceito, o resultado foi a criação de um colete contendo a frase "Pode contar comigo", que foi distribuído para todos os funcionários, de todas as áreas.
Um colete vistoso, no estilo daqueles que utilizamos para jogar uma "pelada" e que costumam causar alívio nos jogadores que estão fora de forma, pois, em jogos do time de colete contra o time sem colete, não é necessário tirar a camisa e ficar com aquela banha balançando enquanto corre, provocando o riso e a chacota das pessoas que estão assistindo ao jogo duro. Duro de assistir...
Voltando à real finalidade do colete, a frase situava-se na parte da frente e a logomarca da empresa ficava estampada nas costas. E o sentido, obviamente, era tranquilizar todos os colaboradores remanescentes na empresa após o catastrófico passaralho. Ora, se estou vestindo um colete escrito "Pode Contar Comigo", então minha permanência na empresa está garantida!
Mas, analisando sob outro prisma, esta conclusão não é lógica... Se estou vestindo um colete que informa à empresa que pode contar comigo, consequentemente EU estou oferecendo a continuidade dos meus préstimos. Logo, continuo correndo o risco da empresa responder: "Não, obrigada."
É nesse ponto da história que entra a figura do Tavares, gestor operacional, que também estava orgulhosamente vestindo o seu colete. Ele fez questão de reunir a equipe para bater uma foto. Todos os sobreviventes do massacre trajando aquele "troféu", congelados pelo tempo, fazendo história...
Como todo bom gestor, Tavares resolveu direcionar algumas palavras à equipe antes da foto. Ajeitou a postura, deu aquela limpada no pigarro e empostou a voz, falando, inebriado por seu espírito motivador:
"Pessoal, agora podemos respirar sossegados. Até dezembro estamos todos garantidos!"
Era mês de outubro...
Créu! Quer dizer, click!
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